9/21/2021

Setembro Verde: conscientização para o câncer colorretal

O câncer colorretal, também conhecido como câncer de intestino grosso, está entre os mais incidentes no Brasil e no mundo. Dados da GLOBOCAN e da OMS estimaram cerca de 1,4 milhões de novos casos e aproximadamente 700 mil mortes no ano de 2018.  Ele é o terceiro câncer com maior incidência nos homens (após próstata e pulmão) e segundo maior nas mulheres (após mama).

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima para o Brasil no triênio 2020-2022 cerca de 20.540 novos casos em homens e 20.470 em mulheres a cada ano.

Estes números demonstram o grande impacto na saúde pública e a real importância da realização de um trabalho de prevenção através do rastreamento precoce com o objetivo de reduzir a incidência e a diminuição da mortalidade. Pensando nisso, foi criado no Brasil o Setembro Verde, com o objetivo de conscientizar a população sobre este câncer.

Alguns tópicos são importantes destacar:

Fatores de risco: quais pessoas devem buscar o rastreamento?

Existem diversos fatores de risco conhecidos, entretanto os mais comuns são os que devem ser destacados para a população. A idade acima de 50 anos é o maior fator de risco para desenvolvimento esporádico do câncer, inclusive há uma tendência da taxa de incidência ser maior em homens do que mulheres. Também destaca-se o histórico familiar de câncer colorretal, onde é recomendado iniciar o rastreamento já a partir dos 40 anos. Síndromes polipóides familiares, história pessoal de outros tipos de câncer (principalmente as mulheres com histórico de câncer de mama e ovário), portadores de doenças intestinais inflamatórias e pessoas submetidas a tratamento de radioterapia abdominal ou pélvica. Outros fatores menos comuns podem ser avaliados individualmente com um médico assistente para indicar se existe ou não risco.

Quais são os sinais e sintomas ?

Um dos principais sinais de alerta para a doença é a presença de sangue nas fezes. Importante ressaltar que nem todo sangue visualizado nas fezes é um indicativo de câncer, porém sempre que ocorre é fundamental realizar uma avaliação médica. Alterações no funcionamento do hábito intestinal, como constipação de início recente, dores ou cólicas abdominais e dores na região anal são outros sintomas a serem observados. Muitas vezes o início da doença é de forma assintomática e silenciosa, por isto ressalta-se a importância da prevenção. Caso seja notado algum destes sinais ou sintomas, recomenda-se procurar seu médico assistente.

Como surge um câncer de intestino?

O câncer surge através de lesões tumorais que "nascem" dentro do intestino grosso, mais precisamente no cólon e no reto. Quando surgem estas lesões, às quais chamamos de pólipos, na maioria das vezes possuem inicialmente características celulares ainda consideradas benignas. É através da identificação destas lesões e da sua retirada que conseguimos promover a prevenção. Importante destacar que quando é visualizado um pólipo, muitas vezes não é ainda um câncer; entretanto, se este pólipo permanecer no intestino, ele pode ao longo dos anos ter uma modificação celular, evoluir para malignidade e realmente tornar-se um câncer.

Como prevenir  ou detectar o câncer?

Existem alguns exames que permitem suspeitar ou identificar o câncer. O exame mais eficaz e com maior acurácia e sensibilidade é a colonoscopia. É através dela que podemos identificar os pólipos e realizar a sua retirada; esta é a verdadeira prevenção! Também é através deste exame que podemos identificar o câncer já estabelecido de forma precoce, pois quando detectado em fase inicial é possível realizar tratamentos com intenção curativa.

É preciso desmistificar o exame de colonoscopia!

A colonoscopia, quando realizada por médicos especializados e em centros de referência em endoscopia, é um exame seguro. Existem alguns temores na população para realizar o procedimento, seja por receio de ter dor, desconforto ou até mesmo vergonha. Este exame é realizado sob sedação, que é uma modalidade de anestesia e promove conforto ao paciente, tornando um procedimento seguro e indolor. Portanto, não se deve ter receio de realizá-lo!

Quais tratamentos existem para o câncer colorretal ?

Ao identificar-se um câncer, deve-se avaliar de forma breve a possibilidade de tratamento cirúrgico, seja por videolaparoscopia ou via aberta convencional. Por vezes, apenas o tratamento cirúrgico será necessário, mas há casos que necessita complementar o tratamento com quimioterapia e, eventualmente, radioterapia. Mesmo nos casos que é necessário estender o tratamento com quimioterapia, é possível alcançar a cura da doença, mas cada caso é avaliado de forma individual. Isto reforça a necessidade da conscientização da população para o Setembro Verde, pois é através do rastreamento que conseguimos prevenir o câncer e, na eventualidade de um diagnóstico, poder realizar tratamentos com intenção curativa.

Medidas de prevenção

Tabagismo, consumo excessivo de álcool, de carnes vermelhas e gorduras saturadas, doenças como obesidade e diabetes são fatores de risco comprovados para o desenvolvimento do câncer colorretal. Uma dieta saudável aliada a atividades físicas aeróbicas regulares é um ótimo começo para prevenção. Existem estudos observacionais que apontam que exercícios físicos regulares são protetores para diversas doenças, inclusive o câncer colorretal. Fuja do sedentarismo! Não esqueça de ter uma dieta e uma vida saudável, tire um tempo para você mesmo, procure uma nutricionista e começa a frequentar academias e parques para se exercitar. A prevenção é a melhor maneira de evitar esta e outras doenças.

Se você possui algum fator de risco ou notar algum sinal ou sintoma, procure seu médico assistente e, se possível for, um médico especialista gastroenterologista ou coloproctologista para aconselhamento e orientações. Faça sua prevenção!

Dr. Alexandro de Lucena Theil

Médico Gastroenterologista