9/21/2020

Setembro Verde: alerta para o câncer colorretal

Doença vem crescendo e pode ser evitada e detectada de forma precoce

O câncer colorretal, também conhecido como câncer de intestino, está entre os mais incidentes no Brasil e no mundo. De acordo com dados de 2018 da OMS, considerando a população mundial, ele é o terceiro câncer com maior incidência nos homens (após próstata e pulmão) e segundo maior nas mulheres (após mama).

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima para o Brasil no triênio 2020-2022 cerca de 20.520 novos casos de câncer colorretal em homens e 20.470 em mulheres a cada ano. Os valores correspondem a um risco estimado de 19,63 casos novos a cada 100 mil homens e 19,03 para cada 100 mil mulheres.

Estes números demonstram a importância da realização de um trabalho de prevenção. Pensando nisso foi criado no Brasil o Setembro Verde, com o objetivo de chamar a atenção e conscientizar a população sobre o câncer colorretal com o intuito de promover a busca pelo rastreamento da doença precoce.  Nesse sentido, o médico gastroenterologista Alexandro de Lucena Theil, coordenador médico do Serviço de Endoscopia do Hospital Regina, esclarece as principais dúvidas sobre o câncer, com o objetivo de conscientizar a população:

Quais são os fatores de risco e quais pessoas devem buscar atendimento para o rastreamento?

Devem realizar exames de rastreamento aquelas que apresentam algum fator risco para o desenvolvimento da doença. Existem diversos fatores conhecidos, entretanto os mais comuns é que devem ser destacados para a população. A idade acima de 50 anos é o maior fator de risco para desenvolvimento esporádico do câncer, inclusive há uma tendência da taxa de incidência ser maior em homens do que mulheres. É importante também destacar o histórico familiar de câncer colorretal ou de síndromes polipóides familiares, história pessoal de outros tipos de câncer (principalmente as mulheres com histórico de câncer de mama e ovário), portadores de doenças intestinais inflamatórias e pessoas submetidas a tratamento de radioterapia abdominal ou pélvica. Existem outros fatores menos comuns que podem ser avaliados individualmente com um médico assistente para indicar se existe ou não risco.

Quais são os sinais e sintomas?

Um dos principais sinais de alerta para a doença é a presença de sangue nas fezes. Nem todo sangue visualizado nas fezes é um indicativo de câncer, porém sempre que ocorre é fundamental realizar uma avaliação médica. Alterações no funcionamento do hábito intestinal, como constipação de início recente, dores ou cólicas abdominais e dores na região anal são outros sintomas a serem observados. Vale lembrar que muitas vezes o início da doença é de forma assintomática e silenciosa, por isto ressalta-se a importância da prevenção. Se ocorrer algum destes sinais ou sintomas, procure seu médico assistente e se possível um especialista gastroenterologista ou coloproctologista para receber a devida orientação.

Como surge um câncer de Intestino?

Na maioria das vezes o câncer colorretal surge através de lesões tumorais que acometem a parede do intestino grosso, no cólon e no reto. Quando surgem estas lesões, às quais chamamos de pólipos, possuem alterações ainda consideradas benignas. É através da identificação destas lesões e da sua retirada que conseguimos promover a prevenção.  Importante destacar que quando é visualizado um pólipo, na maioria das vezes não é um câncer, entretanto, se este pólipo permanecer no intestino, ele pode ao longo dos anos ter uma modificação celular, evoluir para malignidade e realmente tornar-se um câncer.

Como se previne ou se detecta o câncer?

Existem alguns exames que permitem suspeitar ou identificar o câncer. O exame mais eficaz e com maior sensibilidade é a colonoscopia. É através dela que podemos identificar os pólipos e realizar a sua retirada; esta é a verdadeira prevenção! Também é através deste exame que podemos identificar o câncer já estabelecido de forma precoce, pois quando detectado em fase inicial é possível realizar tratamentos com intenção curativa.

É preciso desmistificar o exame de colonoscopia?

Sim. O exame de colonoscopia, quando realizado por médicos especializados e em centros de referência em endoscopia, é um exame seguro. Existem alguns temores na população para realizar o procedimento, seja por receio de ter dor, desconforto ou até mesmo vergonha. Este exame é realizado sob sedação, que é uma modalidade de anestesia e que promove conforto ao paciente, tornando um procedimento seguro e indolor. Portanto, não se deve ter receio de realizá-lo, as pessoas devem sentir-se tranquilas e seguras.

Quais tratamentos existem para o câncer colorretal ?

Ao identificar-se um câncer, deve-se avaliar de forma breve a possibilidade de tratamento cirúrgico, seja por videolaparoscopia ou via aberta convencional. Por vezes, apenas o tratamento cirúrgico será necessário, mas há casos que necessitam complementar o tratamento com quimioterapia e, eventualmente, radioterapia. Mesmo nos casos em que é necessário estender o tratamento com quimioterapia, é possível alcançar a cura da doença. Cada caso sempre é avaliado de forma individual, por isso a conscientização da população para o Setembro Verde é muito importante, pois é através do rastreamento que conseguimos prevenir o câncer e, na eventualidade de um diagnóstico, realizar tratamentos com intenção curativa.

Existem medidas de prevenção além de exames de rastreamento?

Sim. A prevenção é a melhor maneira de evitar esta e outras doenças. Hábitos saudáveis são sempre bem-vindos. Se considerarmos que o consumo excessivo de carnes vermelhas e gorduras saturadas, além de doenças como obesidade e diabetes são fatores de risco para o câncer colorretal, uma dieta saudável aliada a atividades físicas aeróbicas regulares é um ótimo começo para prevenção. Existem estudos observacionais que apontam que exercícios físicos regulares são protetores para diversas doenças, inclusive o câncer colorretal. Não podemos esquecer de que o consumo excessivo de álcool e principalmente o tabagismo são hábitos desaconselhados e que são comprovados como fatores de risco para este tipo de câncer. Não se esqueça de ter uma dieta e uma vida saudável, tire um tempo para você mesmo, procure uma nutricionista e comece a se exercitar.

Se você possui algum fator de risco, procure seu médico assistente e, se possível, um médico especialista gastroenterologista ou coloproctologista para aconselhamento e orientações. Previna-se!