Médico reumatologista do Hospital Regina detalha tratamento inovador para esta doença que atinge as articulações
Engana-se quem pensa que a psoríase se limita a apenas manifestações cutâneas, como lesões avermelhadas e formação de escamas na pele. A doença, que afeta, em média, 2% da população mundial, também pode atingir as articulações.
O médico reumatologista do Hospital Regina, Dr. Adriano Barbiero, ressalta que a artrite psoriática faz parte do mesmo espectro da doença, porém, apenas entre 5% e 10% dos pacientes com psoríase terão este comprometimento na parte articular. Para estes, o médico ressalta que um dos tratamentos inovadores é o uso de imunobiológicos, oferecido no Centro de Infusão do Hospital Regina.
“Este tratamento busca um controle clínico do processo da inflamação, atuando na melhoria das lesões cutâneas, do processo inflamatório articular ou mesmo de outros órgãos comprometidos, como os olhos – casos de pacientes com uveíte anterior – além de outras questões relacionados com a doença, como doenças metabólicas associadas. Há pacientes que têm psoríase e também diabetes, hipotireoidismo ou obesidade e que também se beneficiam desse tratamento, inclusive no controle dessas síndromes metabólicas, melhorando o quadro clínico geral”, detalha o especialista. “Estes tratamentos seguem o protocolo da Sociedade Brasileira de Reumatologia e da Associação Médica Brasileira, sendo que o uso de imunobiológicos é necessário para quadros refratários ou graves após uso de Drogas Modificadoras do Curso da Doença (DMARDS)”, acrescenta.
Em tratamento há 15 anos no Centro de Infusão Regina, a vendedora Marlei Coleraus (foto acima), 56 anos, aprovou a troca do antigo medicamento pela intervenção com os imunobiológicos. "Faço de dois em dois meses. Esse é mais eficaz, está trazendo mais resultado", conta a moradora de Novo Hamburgo.
Barbiero ainda explica que o tratamento é individualizado, afinal o comprometimento das articulações pode ocorrer deformas diversas. “A artrite psoriática pode se manifestar de cinco tipos: um que atinge só a ponta dos dedos, chamada de artrite interfalangeana distal; um outro tipo que atinge poucas articulações, até três, que chamamos de oligoarticular; outro de uma forma que mimetiza uma artrite reumatoide, mas que atinge articulações simétricas dos pés, tornozelos e das mãos, que é a poliartrite simétrica; a quarta forma que é a espondiloartrite, que é como a espondilite anquilosante, e afeta mais a coluna; além de uma quinta forma que é mais rara e mais grave, que é artrite mutilante.”
Sobre a periodicidade do tratamento, que busca bloquear o processo inflamatório e os sintomas, como a forte dor, além da evolução da doença, o reumatologista destaca que a indicação é individualizada, de acordo com o quadro clínico e o alvo do tratamento. Também é necessária uma avaliação prévia, com vários exames, como o teste de tuberculose. “Avaliamos também a questão logística do paciente, se ele mora perto ou não, então temos vários esquemas terapêuticos, que podem ser subcutâneos, semanais, a cada duas semanas ou uma vez por mês. Há ainda esquemas que são a cada dois meses e que são os endovenosos”, diz Adriano.
O tratamento com imunobiológicos, acrescenta o médico, geralmente tem como alvo uma parcela de pacientes que não respondeu aos tratamentos orais. Reações adversas após a aplicação são raras. “Este tratamento utiliza anticorpos monoclonais, usados hoje em várias especialidades clínicas, como a cardiologia, a gastroenterologia, a dermatologia, oncologia e a reumatologia, entre outras.”