6/9/2022

Gestantes podem ter parto acompanhado por doulas no Hospital Regina

Adequado à lei e à busca constante de humanização, Hospital Regina iniciou cadastramento de profissionais

O momento do parto é um dos mais esperados durante a gestação. Junto do desejo de poder, finalmente, ter o filho nos braços, vem a ansiedade, a tensão e um universo de sentimentos. O Hospital Regina, de Novo Hamburgo, agora permite que as mulheres tenham um reforço no apoio emocional e físico durante o trabalho de parto, através da presença de doulas - profissionais que amparam as gestantes durante a gravidez, no parto e no pós-parto. A Instituição é a primeira da região a se adequar à nova lei e garantir um suporte maior às mães. Em maio ocorreram os primeiros partos com a nova mudança.

O nascimento de Júlia, filha de Thaís da Rocha, foi o primeiro a contar com o apoio extra. O parto ocorreu no dia 11 de maio, um dia após a conclusão do processo de solicitação para a presença da sua doula. Há nove anos, Thaís deu à luz ao seu primeiro filho no mesmo local e avalia de forma positiva a mudança. “Foi muito importante. A doula dá um apoio emocional e físico que a equipe às vezes não consegue. Há nove anos era um sistema bem diferente. Com a Júlia optamos por esse suporte da doula e com certeza foi para melhor”, descreve.

Júlia, filha de Thaís da Rocha, foi a primeira criança a nascer com o acompanhamento de doula após a mudança na Instituição.

O cadastramento das profissionais para acompanhamento dos partos iniciou em maio, logo após instituída a lei municipal 3367/2022. O trabalho de revisão de processos para a autorização, porém, antecede a regulamentação. “Para podermos permitir a presença da doula, além do acompanhante que já é um direito da gestante, trabalhamos previamente a rotina e o protocolo interno na Instituição, definindo pelo cadastramento. Entendemos que essa presença reforça a assistência adequada ao parto e proporciona mais segurança à mulher, possibilitando um trabalho de parto mais tranquilo”, avalia a Enfermeira coordenadora do Centro Obstétrico Karin Stumpf.

Humanização do parto é o ponto principal da adequação

A nova adequação vai de encontro às práticas de humanização já aplicadas na Instituição. A Enfermeira reforça que, além de profissionais capacitados para atuação na área, diversos métodos de alívio da dor não farmacológicos são proporcionados às gestantes, como bola, cavalinho, massageador, banqueta, livre acesso a chuveiro, entre outros. “São atitudes simples, mas que fazem parte do processo humanizado de assistência à mulher durante o pré-parto. Além disso, apoio profissional, contato pele a pele imediato e presença integral do acompanhante também compõem os nossos processos e contribuem para a qualificação da humanização. Os avanços são constantes”, explica a coordenadora.

As atualizações e busca pela qualificação no apoio adequado ao parto são constantes na Instituição e possibilitar o cadastramento das doulas faz parte disso. “Como tivemos essa experiência há nove anos, avaliamos como muito positivas as mudanças. Mesmo tendo que passar pela cesárea, avaliamos as equipes do Regina como muito humanizadas. O processo de cadastramento também foi muito rápido e vimos que a equipe também já estava preparada”, acrescenta Thais.

Doula Patrícia Cavallin (esquerda) foi a primeira doula a ser cadastrada e realizou o acompanhamento de Sabrina Streit. (Créditos: Arquivo Sabrina Streit)

Proporcionar a atuação das doulas visa, principalmente, qualificar a assistência à mulher. Patrícia Cavallin foi a primeira doula a realizar o cadastramento, junto de sua doulanda Sabrina Streit. Ela explica que a atuação da doula ocorre ainda durante a gestação, com o suporte físico, mental e emocional à gestante. “Na hora do parto, nossa presença é tão importante quanto a do pai, para mantermos um ambiente mais acolhedor a essa gestante que estará passando por um momento tenso e talvez doloroso, de muita vulnerabilidade e assim não iremos sobrecarregar a equipe. A função da doula é somar a essa assistência multidisciplinar”, pontua a profissional.

Sabrina deu à luz no dia 13 de maio e reforça que ter o acompanhamento da doula durante este momento tão especial e, ao mesmo tempo, de tanta fragilidade e insegurança, foi muito importante. “Sabemos que o hospital dispõe de uma equipe de enfermagem preparada para atuar de forma mais humanizada, ao meu ver a doula vem para agregar e fazer a conexão necessária de tudo isso”, comenta.

Cadastramento beneficia a região

O Hospital Regina é o primeiro hospital da região a se adequar a nova lei e possibilitar a atuação das doulas, que é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde. “Iniciamos os estudos ainda enquanto a lei federal era discutida e quando a primeira interessada nos procurou, vimos a oportunidade de colocar em prática o que já estávamos estruturando”, conta Karin.

Para Patrícia, abrir a possibilidade para a atuação das doulas é um marco. “Após o contato da minha doulanda com o Hospital Regina, a coordenadora Karin logo se prontificou a nos ouvir e entender melhor essa real necessidade de abrir imediatamente o cadastramento para doulas. Para mim está sendo uma honra participar deste novo ciclo da classe na cidade de Novo Hamburgo”, avalia. A doula explica que a intenção é o bem estar da mãe e seu bebê, através de acompanhamento, informação e participação em todo processo de gestar. Além disso, orientar e conduzir o pai ou acompanhante que querem se fazer presente neste momento, fortalecendo o vínculo familiar.

Por ser da área da saúde, Sabrina tinha o desejo de tentar um parto normal de forma mais humanizada e sem pressa, mas dentro de um hospital para ter o suporte necessário. “Nos momentos que passamos juntas, nas 10 horas de trabalho de parto, ela me lembrava o tempo todo que ali tinha amor, aconchego e que era para eu ir sentindo cada sinal do meu corpo e respeitando o momento porque ali minha filha amada estava chegando. Foi lindo e do jeito que era para ser”, lembra.

Saiba como ocorre a autorização

Para se cadastrar, as doulas interessadas precisam preencher requisitos como idade mínima, curso de formação de doulas e carteira de vacinação atualizada. Após a sinalização do interesse, será solicitado o preenchimento da ficha de cadastro e documentação para efetivação da liberação. Faz parte do cadastramento o agendamento de uma entrevista presencial. As profissionais interessadas devem preencher o formulário clicando aqui.